terça-feira, 6 de dezembro de 2011

JOHN GALLIANO - INVERNO 2011




Muito se fala sobre os desfiles de grandes marcas de moda, mas pouco se comunica sobre o que envolve este tipo de espetáculo. Qual a grande missão de um desfile? Que mensagem pretende-se que seja transmitida pela imprensa especializada? Seriam os desfiles apenas incitações de consumo para determinado público?

Apesar de toda a polêmica que atualmente seu nome está conectado, desfiles nunca foram simples apresentações de coleções para John Galliano. Formado pela Central Saint Martin, em Londres, para poder se sustentar durante o curso - o até então jovem - estilista trabalhou como contra regra do National Theatre, o que traduz tanto poder de dramaticidade, seja nas roupas ou em todo o contexto de seus shows nas semanas de moda de Paris.

“Eu fazia tudo: de engraxar sapatos até abrir a porta para os atores entrarem em cena. Aprendi muito, até hoje ninguém passa uma roupa tão bem quanto eu”, declarou. O criador de moda ganhou o comando da Maison Dior, um dos maiores nomes da indústria, no ano de 1997, e paralelamente apresentava as coleções de sua própria marca – a John Galliano.

É de sua grife homônima que este post irá partir, analisando o desfile da temporada de inverno, que aconteceu no dia 6 de março de 2011, apenas três dias após a Dior divulgar o afastamento do fashion designer da posição de diretor criativo.

"Para sua própria marca, Galliano sempre flerta com o glamour e a decadência com grande refinamento: transformou lingeries em vestidos, prolongou as saias em cauda, retomou o corte Império, ressuscitou os vestidos de viés (especialidade da Madeleine Vionnet nos anos 20/30), só para citar alguns. Com Galliano é sempre assim: goste ou não, é impossível resistir à sua próxima traquinagem", afirma a jornalista Lillian Pacce em matéria para O Estado de São Paulo.

A cenografia trata-se de uma mansão parisiense localizada no número 34 da Avenida Foch (um indício de que “the glamour most go on”, afinal cai a persona mas a instituição de luxo deve manter-se intacta).

É com este mood que tem início uma das mais importantes mostras da carreira de Galliano, afinal público e imprensa aguardavam ansiosos, como se a coleção fosse uma resposta ao ríspido e inapropriadocomentário realizado menos de um mês antes, quando John Galliano proferiu insultos antissemitas em um bar em Paris. Segundo matéria publicada na FOLHASP, uma reprodução da agência internacional de notícias Reuters, o estilista foi condenado pelo tribunal francês com multa de seis mil euros, que deverá ser paga caso Galliano volte a causar algum tipo de desconforto à sociedade.

O desfile aconteceu em versão compacta, com apenas 9 minutos de duração e apresentando cerca de 20 looks. Inspirado pelo glamour dos anos 40, a primeira série de propostas apresentada é composta por peças de alfaiataria, como os tailleurs, já a segunda revive a feminilidade com longos estampados, transparências e babados. Cintura marcada, plumas e peles apontaram que a decadência estava longe de atingir à pessoa jurídica John Galliano. Nos acessórios, botas de cano longuíssimo, capas e chapéus. A cartela de cores se dividiu entre tons bem fechados de roxo, azul, verde, vinho e tons pastéis.

Entre os presentes, o quórum de pouco mais de 30 veículos da imprensa especializada convidados, como Grace Coddington, Andre Leon-Talley, Lucinda Chambers, Giovanna Battaglia, SuzyMenkes, Hilary Alexander, Sally Singer, Patti Wilson e Brana Wolf .

O make á assinado pela beauty-artist Path Mc Grath, e composto de batom ameixa, blush marcado, olhos marcados e unhas escuros. Já a proposta de cabelos, de Juliend’Ys, retrata todo o refinamento da época em questão, com cabelos presos como verdadeiras obras de arte.

As modelos se dispõe de maneira que dominam o ambiente da casa. A iluminação é baixa, com luz âmbar (própria para um ambiente mais intimista) e a cenografia composta de todo o luxo do barroco parisiense, com poltronas negras com trabalhocapitonê e entorno dourado, além de muitas estátuas, candelabros e arranjos florais nos tons de branco e verde.

Elementos nostálgicos como uma bicicleta antiga, um cavalinho de madeira, e claro os ursinhos de pelúcia (um deles com um bigodinho a La John, ou teria a boca costurada?), resgatam certo ar de inocência abdicado pela figura de Galliano, no ato de suas declarações.

A trilha sonora traz a curiosa seleção de figuras facilmente reconhecidas no mainstream, como as cantoras Adele, Alicia Keys e Kelly Klarkson, além das bandas Coldplay, Bon Jovi e The Killers, sendo a última reproduzida ao som de “Whenyouwhereyoung”, com letra que diz algo como “Ele não separece nem um pouco com Jesus, mas ele fala como um cavalheiro, do jeito que você imaginou quando era jovem”. ”Ele”, então, nada mais seria do que uma resposta de Galliano, que como esperava-se, não aparece para agradecer, como de costume, no término da apresentação.

Abaixo, alguma imagens do desfile.

*colaborou neste texto: Raquel Brandão
*imagens: style.com











Nenhum comentário:

Postar um comentário